TOLERÂNCIA PARA COM O PRÓXIMO - Rm 14.1-10


"Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. […] Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. […] Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Pois, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor. Porque foi para isto mesmo que Cristo morreu e tornou a viver, para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Deus".

Temos observado neste mundo pós-moderno, agitado e egoísta em que estamos vivendo, muita intolerância e impaciência por todos os lados, quer seja por parte dos cristãos confessos ou daqueles que apenas observam o comportamento alheio para ter do que acusar o seu próximo. O conselho do apóstolo Paulo, conforme citado acima, é de acolha e perdão: acolhei-o, mas não para condenar.

A fé, o comportamento, o testemunho, a vontade de vencer e outras características peculiares ao sujeito fazem parte de sua individualidade, são inerentes a cada ser, podemos dizer o mesmo das tentações, das opressões, das angústias, dos temores etc. Você não pode condenar um cachorro por latir fora de hora ou por querer brincar no momento que você não deseja, faz parte da natureza dele, foi assim que ele foi condicionado, é seu instinto. Da mesma forma, é difícil mudar o comportamento de uma pessoa, não é impossível, mas também não é fácil. Se nós mesmos pudéssemos mudar o nosso comportamento (para melhor) a cada dia, já estaríamos fazendo grande progresso, estaríamos contribuindo para o desenvolvimento da humanidade e testemunhando perfeitamente sobre tudo aquilo que Jesus Cristo ensinou.

Em certo mosteiro, um discípulo perguntou ao mestre: - Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que caluniam.

- Viva como as flores! Advertiu o mestre.

- Como é viver como as flores? Questionou o jovem discípulo. O mestre continuou, apontando os lírios que cresciam no jardim: - Repare nas flores. Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável. Mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores.

É natural que você se preocupe, é louvável que você tenha zelo pelas virtudes ensinadas pelo Senhor Jesus, isto por que você deseja evitar o escândalo. É nobre de sua parte almejar que o evangelho de Cristo não seja manchado. No entanto, você não deve perder a paz que só Ele pode lhe dar, pois desses tropeços não há como fugir. O próprio Senhor e Salvador já advertiu que haveria escândalos na Terra, ao mesmo tempo em que asseverou com um “ai daquele” (Mt 18.7). Por isso, não podemos concordar com a sugestão de vivermos totalmente como as flores, pois estas não intercedem, mas nós podemos rogar a Deus em favor das pessoas que cometem torpezas. Só Deus pode firmar aquele que vacila, mas nós podemos influenciar com atitudes corretas, pelo exemplo. Por isso, podemos até dizer ai daquele que não se arrepender. Enquanto houver arrependimento haverá também perdão, pois foi com esse fim que o próprio Deus se fez homem, habitou entre nós e sofreu tudo aquilo que já sabemos.

É importante termos sempre em mente que a conversão de uma pessoa a Cristo é um processo que varia de pessoa para pessoa, algumas amadurecem mais rápido, outras de forma mais gradativa, algumas necessitam de mais tempo para substituir vícios por virtudes. Quem somos nós para condená-las? Elas não são nossas servas. Um dia todos prestaremos contas diante de Deus. Portanto, não julgue nem despreze ao seu irmão, mas dê graças a Deus por permitir que você possa lutar para tentar ser a cada dia melhor (ou melhor: mais servo, mais humilde, mais santo). Tenha paciência com seu irmão, ore por ele e para que você também não caia.

Cristo já morreu pelos nossos pecados, você não precisa morrer de novo, nem matar ninguém (nem física, nem espiritualmente). Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Não permita que a arrogância, nem a falta de amor, nem a impaciência, nem a maldade tomem conta do seu coração, pois o fruto do Espírito Santo é: o amor, a alegria, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, a temperança (Gl 5.22). Contra estas coisas não há lei.

Que Deus nos abençoe.
Monteiro

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