NÃO É FÁCIL CRER - Os 6.3a


Não é fácil crer. Crer não é algo que as pessoas devam decidir por si só. O homem natural não consegue entender as coisas espirituais, porque elas se discernem espiritualmente (1Co 2.14). Esta é uma afirmação bíblica verdadeira que, se aplicada ou ensinada, mesmo assim não poderá ser compreendida e ainda poderá causar revolta ou desconforto. Quem se acha espiritual procura esclarecer aos outros sobre aquilo que entende; quem não se considera nem um pouco espiritual não aceita em hipótese alguma esta explicação, pois pode imaginar que tem o direito de compreender os mistérios de Deus por si mesmo.

“Se existe um Deus e Ele me fez, como também fez as outras criaturas, e se Ele deseja me salvar, então Ele vai ter que colocar fé em mim, eu não tenho culpa de não ter fé”. Esta frase que eu mesmo já usei quando não cria na existência de Deus pode ser usada por outras pessoas com sinceridade e com toda razão. Por outro lado, não desejar nem procurar entender, não ter fé e não querer compromisso com Deus é nada mais que uma forma de querer se eximir de qualquer culpa, o que é um grande engano, porque Deus já afirmou que não terá o culpado por inocente (Ex 34.7; Nm 14.18; Na 1.3).

Por certo existem pessoas que não se sentem tão espirituais, mas que não desejam deixar transparecer este estado, preferem que os outros pensem que elas são espirituais tanto quanto o seu pastor ou o papa. Há também aquele tipo de pessoas que têm fé, compreendem o plano de salvação do Senhor e Salvador Jesus Cristo, porém, não querem comprometimento algum com nenhuma forma de espiritualidade, em razão de serem hedonistas, de não quererem perder os prazeres temporários desta vida. Ainda há outros tipos de pessoas modernas, que são relativistas, antiabsolutistas, antidogmáticas, pluralistas, mas que no momento não convém fazer menção, pelo fato de que os tipos de pessoas já citadas são mais que suficientes para se compreender o que se deseja transmitir.

Quero dizer com isso que realmente não é fácil nem é conveniente ter fé, apenas por ter, ou para dizer que se tem, e desta forma conseguir perseverar. A fé é de fato um dom ofertado exclusivamente por Deus. Entretanto, as pessoas devem estar propensas a receberem tal dádiva. O Pai celestial não sai por aí entregando este presente a esmo e desordenadamente para todas as pessoas, embora este seja o Seu desejo, mas muitos não estão preparados. Ninguém que acha que pode descobrir todos os segredos da vida por si mesmo, a partir de suas próprias percepções, estará em condições de conhecer ou ter intimidade com o Criador, pois aquele que se exalta e não se humilha não pode ser bem aceito por Aquele que se destituiu de toda a Sua glória por amor aos seres humanos.

Assim sendo, quando não temos fé, quando não nos humilhamos para recebê-la, quando temos dúvidas, quando confiamos na nossa razão e sabemos que o homem realmente possui inteligência inventiva, principalmente quando se deseja controlar, ter domínio e sobressair-se sobre os seus semelhantes, quando observamos pessoas que se dizem espirituais fazerem o que fazem (refiro-me aos maus testemunhos), e quando se têm evidências que de fato homens comuns criaram religiões tão convincentes quanto o cristianismo, não há outra coisa a fazer senão investigá-las cientificamente e colocar o cristianismo nessa “vala comum” para se chegar a conclusões diversificadas e subjetivas, pois cada cientista da religião concluirá com bases em suas próprias experiências e pontos de vistas particulares, influenciado, logicamente, pela cultura de sua época e por sua vivência, aliados a outros fatores.

Fala-se hoje em tolerância. Mas até que ponto devemos ter tolerância para com a subjetividade das outras pessoas? Será que a verdade deve ser sacrificada em prol dessa “bendita” palavra? Claro que não! A verdade é o que é e ninguém pode mudá-la, para que haja as verdades relativas é necessário uma verdade absoluta, aquela que só Deus conhece em sua integralidade, aquela que Jesus Cristo nos revelou (em parte). Nós, simples seres humanos, ainda mortais, por mais inteligentes que sejamos, sempre conheceremos apenas porções dessa verdade absoluta. O conhecimento da verdade de Deus (a absoluta) é algo contínuo (e deveria ser também ininterrupto), hoje a vemos como um espelho embaçado, mas um dia a conheceremos como ela realmente é. "Portanto, conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor" (Os 6.3a).

Que Deus nos abençoe.
Monteiro

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