Não é fácil crer. Crer não é algo que as pessoas devam decidir por si só. O homem natural não consegue entender as coisas espirituais, porque elas se discernem espiritualmente (1Co 2.14). Esta é uma afirmação bíblica verdadeira que, se aplicada ou ensinada, mesmo assim não poderá ser compreendida e ainda poderá causar revolta ou desconforto. Quem se acha espiritual procura esclarecer aos outros sobre aquilo que entende; quem não se considera nem um pouco espiritual não aceita em hipótese alguma esta explicação, pois pode imaginar que tem o direito de compreender os mistérios de Deus por si mesmo.
“Se
existe um Deus e Ele me fez, como também fez as outras criaturas, e
se Ele deseja me salvar, então Ele vai ter que colocar fé em mim,
eu não tenho culpa de não ter fé”. Esta frase que eu mesmo já
usei quando não cria na existência de Deus pode ser usada por
outras pessoas com sinceridade e com toda razão. Por outro lado, não
desejar nem procurar entender, não ter fé e não querer compromisso
com Deus é nada mais que uma forma de querer se eximir de qualquer
culpa, o que é um grande engano, porque Deus já afirmou que não
terá o culpado por inocente (Ex 34.7; Nm 14.18; Na 1.3).
Por certo
existem pessoas que não se sentem tão espirituais, mas que não
desejam deixar transparecer este estado, preferem que os outros
pensem que elas são espirituais tanto quanto o seu pastor ou o papa.
Há também aquele tipo de pessoas que têm fé, compreendem o plano
de salvação do Senhor e Salvador Jesus Cristo, porém, não querem
comprometimento algum com nenhuma forma de espiritualidade, em razão
de serem hedonistas, de não quererem perder os prazeres temporários
desta vida. Ainda há outros tipos de pessoas modernas, que são
relativistas, antiabsolutistas, antidogmáticas, pluralistas, mas que
no momento não convém fazer menção, pelo fato de que os tipos de
pessoas já citadas são mais que suficientes para se compreender o
que se deseja transmitir.
Quero
dizer com isso que realmente não é fácil nem é conveniente ter
fé, apenas por ter, ou para dizer que se tem, e desta forma
conseguir perseverar. A fé é de fato um dom ofertado exclusivamente
por Deus. Entretanto, as pessoas devem estar propensas a receberem
tal dádiva. O Pai celestial não sai por aí entregando este
presente a esmo e desordenadamente para todas as pessoas, embora este
seja o Seu desejo, mas muitos não estão preparados. Ninguém que
acha que pode descobrir todos os segredos da vida por si mesmo, a
partir de suas próprias percepções, estará em condições de
conhecer ou ter intimidade com o Criador, pois aquele que se exalta e
não se humilha não pode ser bem aceito por Aquele que se destituiu
de toda a Sua glória por amor aos seres humanos.
Assim
sendo, quando não temos fé, quando não nos humilhamos para
recebê-la, quando temos dúvidas, quando confiamos na nossa razão e
sabemos que o homem realmente possui inteligência inventiva,
principalmente quando se deseja controlar, ter domínio e
sobressair-se sobre os seus semelhantes, quando observamos pessoas
que se dizem espirituais fazerem o que fazem (refiro-me aos maus
testemunhos), e quando se têm evidências que de fato homens comuns
criaram religiões tão convincentes quanto o cristianismo, não há
outra coisa a fazer senão investigá-las cientificamente e colocar o
cristianismo nessa “vala comum” para se chegar a conclusões
diversificadas e subjetivas, pois cada cientista da religião
concluirá com bases em suas próprias experiências e pontos de
vistas particulares, influenciado, logicamente, pela cultura de sua
época e por sua vivência, aliados a outros fatores.
Fala-se
hoje em tolerância. Mas até que ponto devemos ter tolerância para
com a subjetividade das outras pessoas? Será que a verdade deve ser
sacrificada em prol dessa “bendita” palavra? Claro que não! A
verdade é o que é e ninguém pode mudá-la, para que haja as
verdades relativas é necessário uma verdade absoluta, aquela que só
Deus conhece em sua integralidade, aquela que Jesus Cristo nos
revelou (em parte). Nós, simples seres humanos, ainda mortais, por
mais inteligentes que sejamos, sempre conheceremos apenas porções
dessa verdade absoluta. O conhecimento da verdade de Deus (a
absoluta) é algo contínuo (e deveria ser também ininterrupto),
hoje a vemos como um espelho embaçado, mas um dia a conheceremos
como ela realmente é. "Portanto, conheçamos e prossigamos em
conhecer ao Senhor" (Os 6.3a).
Que Deus nos abençoe.
Monteiro
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