Reflexões Diárias - Abril




01 – É comum vivermos a um passo da loucura. Mas quando estabelecemos a ordem interna, a ordem externa se torna uma realidade visível em nossas lutas diárias. O senso comum considera a loucura como insanidade mental. Mas, o que delimita a insanidade? Como tudo na vida, depende da perspectiva do observador. Os loucos deveriam ser aplaudidos pelos normais; e às vezes são. Na verdade, os ditos “loucos” vivem num mundo diferente daquele conhecido pela maioria “sensata”, parece que vivem em outra dimensão. Os cristãos, por exemplo, são completamente malucos, pois vivem neste mundo, mas não pertencem a ele, e ainda dizem que têm duas nacionalidades, uma terráquea e outra celestial. Não deve ser nada fácil viver assim. Dizem que não é difícil por que não vivem mais, é Cristo quem vive neles. Não dá para entender, isso é loucura. Pior ainda é que dizem possuir a mente de Cristo. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”.



02 – O motivo de deixamos de ouvir os sussurros de Deus em nossos ouvidos não é outro senão que nos recusamos. Normalmente preferimos ouvir a voz do coração que tanto nos engana, e ainda, a vontade de outros corações que nos falam mais alto que o bondoso Consolador. A verdade é que se ouvirmos as intenções do Pai para conosco, obrigamo-nos a reconhecer e corresponder com algo que não nos agrada cumprir. Podemos chamar essa omissão ou falta de vontade de “complexo de Jonas”, o profeta que tentou fugir da presença de Deus, e como não foi possível, foi forçado a cumprir a determinação divina. É melhor quando ouvimos com coração alegre, alegrando também a Deus. Existem determinações que só você deve fazer, custe o que custar. Uma coisa é certa: ninguém pode frustrar os planos de Deus. E como diz Michael Willcock, “Deus sussurra a nós em nossos prazeres, fala à nossa consciência, mas grita através das nossas dores. Se não ouvirmos a tremenda voz das dores que nos afligem, não pode haver esperança para nós”. Não esqueçamos que o Cordeiro de Deus foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades. Não foi por acaso que Jesus disse várias vezes: “... quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.


03 – Quem não vive não pode glorificar a Deus. A vida é uma dádiva que só pode ser reconhecida por quem a tem. Cabe a nós darmos sentido a ela. Ninguém conseguirá jamais dar sentido algum à vida, vivendo isolado, sentindo-se solitário. Não pode dar, nem vai encontrar sentido em sua vida aquele que decidir viver como um eremita. Aliás, ninguém vive sozinho. Até os animais nos dão prova dessa simples constatação, pois quando se perdem do bando, logo procuram adaptar-se a outro. As pessoas precisam compartilhar até mesmo suas alegrias com o semelhante; a menina quer mostrar seu lindo namorado às amigas, e o rapaz quer que os amigos notem o “avião que está pilotando”. A vida é assim; por isso devemos aproveitar com sabedoria o que conquistamos e o que nos é galardoado. E não devemos esquecer que se existem galardões, logo existe o Galardoador. Tudo isso é lógico. Entretanto, será que sabemos para que fomos criados? A antropologia bíblica ensina que o homem é criação divina, o qual foi criado com o objetivo final de glorificar a Deus. Portanto, façamos como o salmista, e falemos a uma voz ao Criador de todas as coisas: “Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre”.


04 – O nosso poderoso e justo Criador não elege favoritos. Nenhum de nós é o preferido do Papai. O amor de Deus é perfeito e, portanto, não pode se tornar melhor nem pior. O amoroso Pai não ama mais uma pessoa, que Ele mesmo criou à Sua imagem e conforme a Sua semelhança, em detrimento de outra. Ele ama a todos nós, e individualmente, mesmo que alguns de nós não nos sintamos tão amados. Amor imperfeito, amor condicional, amor de escolhas e de conveniências é coisa dos homens, os quais têm senso de justiça falha. Cada um de nós veio a existir para influir na ordem e no progresso do mundo por intermédio de nossos dons, ou melhor, através dos dons que o Espírito Santo graciosamente nos concede. “Oh! quão bom e quão suave” seria se todos nós obedecêssemos aos mandamentos de Deus, se vivêssemos em união e se soubéssemos agir mediante Sua justiça. Todavia, está muito longe disso acontecer. Mas é mérito e dever dos cristãos dar continuidade aos ensinamentos de Cristo, afinal quem ganha com isso são os praticantes do bem. “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.


05 – O caminho da prosperidade está diretamente relacionado à transformação. Mas a metamorfose não ocorre sem que haja um período transicional, quando a mudança é quase imperceptível. O processo começa internamente e só depois se torna visível, isto é, a transformação tem início no íntimo e, na continuação, estende-se ao exterior, e esse processo não pode ser apressado, mas deve ser acelerado. Muitas pessoas vivem a mesmice devido ao conformismo, elas se habituam a viver de acordo com aquilo que o mundo lhes impõe. Para vencer o comodismo, a falta de reflexão, a incompetência em vencer o mal, o apóstolo Paulo nos orienta a não nos conformarmos com este mundo, e nos admoesta a sermos transformados pela renovação do nosso entendimento, para que possamos experimentar a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Portanto, não permitamos que os maus nos convençam do pecado. “Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem [...]. rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus”.


06 – As dúvidas e indecisões têm abortado mais sonhos do que as fatalidades já puderam aniquilar. Menosprezar a fé, a esperança e a vontade de vencer, sucumbindo às dúvidas e indecisões é uma forma sinistra, sutil e sedutora de autodestruição. Quem duvida dificilmente consegue concluir as metas preestabelecidas, ou melhor, a pessoa duvidosa jamais conseguirá sequer estabelecer metas. Tiago, irmão do Senhor Jesus, é perspicaz ao dizer que o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. O segredo da vitória é, portanto, a persistência e o otimismo, aliados à fé no Senhor. Assim sendo, jamais desistamos de nossos sonhos, mas confiemos nos desígnios de Deus, pois se os nossos desejos estiverem de acordo com a vontade do Pai, então não há o que temer, não há por que vacilar. Mas, ao contrário, se não tivermos fé nem esperança, então a sobrevivência torna-se inviável. “Confia no SENHOR de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos”.


07 – “Aquele que trabalha somente com as mãos é um operário; aquele que trabalha com as mãos e a cabeça é um artesão; aquele que trabalha com as mãos, a cabeça e o coração é um artista”. Esta é uma expressão comum entre os adeptos da arte. Eles não estão errados em pensar assim, mas precisam entender que servir a Deus exige muito mais que a realização de uma obra de arte, e nem por isso, os verdadeiros adoradores vangloriam-se. Quando se adora a Deus, a entrega deve ser total, e tanto o operário, como o artesão, o artista e qualquer outro profissional, ilustre ou não, têm a capacidade de adorá-Lo, porque não O adoram com suas próprias forças. Na arte, a vida é uma representação, uma imitação da realidade, mas na presença do Senhor não há como fazer de conta, ou honramos a Deus de todo o coração, entendimento, alma e forças, ou então, O rejeitamos. O meio termo é para os insensatos, os quais se arriscam ao sofrimento eterno, mantendo-se “em cima do muro”. Os indivíduos insensatos só pensam no “aqui e agora” e, como os artistas, simulam preocupação com a posteridade, mas o que desejam é a presente estabilidade. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.


08 – Quanto mais próximo estivermos de compartilhar os nossos sonhos com o mundo, mais difícil e relutante tornar-se-á realizá-lo. Em razão de estarmos inexoravelmente alterados. Sem sombra de dúvidas, estaremos temerosos e vacilantes, pois é natural temermos às mudanças e o desconhecido. Temor não significa covardia, quer dizer que percebemos a dimensão do problema que podemos enfrentar, significa ter a completa noção, real ou fictícia, da implicação dos fatos e suas consequências. Mesmo a dúvida nos provoca o medo. E, aliás, a falta de convicção pode ser decisiva para nos desviar dos nossos propósitos. Assim sendo, é necessária demasiada determinação para colocar em prática ideias que beneficiarão muitas pessoas, mas que, por outro lado, intrigarão outras. Temos que considerar que às vezes vacilamos mesmo na presença de Deus, mas não podemos perder a fé. Foi o que aconteceu com Pedro, quando, a exemplo do Mestre, tentou caminhar sobre as águas: “... descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: homem de pouca fé, por que duvidaste?”.


09 – Inconscientemente, muitas pessoas têm erguido barreiras de autoproteção contra o insucesso. Desta forma, pensando estar se protegendo, aumentam a ansiedade e diminuem a fé, e com isso, tudo que fazem é embaraçar suas próprias vidas. E a pergunta que não cala é: por que temer aquilo que não pode ser evitado? Isto é, não seria melhor evitarmos temer aquilo que não está ao nosso alcance? Existe um detalhe muito sério, mas que nem todos querem se preocupar, a saber: trata-se de onde viveremos a nossa eternidade quando tudo isso aqui passar. As pessoas se preocupam com tantas coisas, mas quando o assunto é “vida eterna”, bloqueiam as mentes tentando convencer-se de que esse futuro aparentemente tão longínquo não está ao seu alcance. Na verdade não está. Mas Aquele que pode mudar todo e qualquer cenário ainda aguarda por uma atitude: a decisão de amá-Lo. O que não significa amar uma vida boa ou aquilo que Ele pode dar; nem uma casa na praia, ou o dinheiro, ou qualquer outro bem material; mas amar ao Bem maior que prevalece. Tudo perece, mas o Tesouro que Deus nos oferece é imperecível, é eterno. Portanto, “... buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.


10 – Você sabia que o Alcorão e o Hewish Talmude ensinam que seremos chamados para prestar contas por toda a vida prazerosa permissível que nos foi oferecida, mas que recusamos desfrutá-las? Conhecer outras culturas nos faz entender o quão moral e coerente é o cristianismo. Foi por esta razão que Santo Agostinho passou por tantas religiões e filosofias, mas quando conheceu o cristianismo pode afirmar que havia encontrado a verdadeira religião, uma religião moral. A Bíblia Sagrada também não nos proíbe de vivermos uma vida de prazeres, mas ela nos ensina a vivermos com sabedoria, e de preferência, sabedoria vinda do alto. Citemos um exemplo: “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo. Afasta, pois, a ira do teu coração, e remove da tua carne o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade. Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento”.


11 – Ninguém é tão inocente ao ponto de falsificar algo sem valor, sem garantia de validade, sem reconhecimento. Quanto melhor e mais autêntico for um dado objeto, mais imitações ele terá. O mesmo é válido para o modo de viver ensinado por Jesus Cristo e pelos apóstolos. Ninguém em sã consciência imitaria algo sem valor, algo que por natureza já é falso. É perturbador como a engenhosidade dos falsários é tamanha que ilude tanta gente. Muitos indivíduos são atraídos e enganados devido às próprias concupiscências, características estas que os falsos profetas sabem trabalhar com excelência. As pessoas que reivindicam a fé cristã buscam a correção, apesar de nem sempre acertarem. A principal virtude ensinada por Jesus, que procuram desenvolver, é o amor. Todavia, o cuidado deve ser redobrado, pois, mesmo o amor pode ser falsificado. “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons”.


12 – As pessoas mais preocupadas com a saúde e o bem estar físicos dedicam razoáveis quantidades de tempo e energia, procurando manter uma boa aparência física e um estado de saúde mais próximo da perfeição exigida. Todavia, infelizmente, em pouco tempo podem colocar tudo a perder; seja por um breve período de desleixamento ou por uma fatalidade qualquer. Entretanto, mesmo que o destino nos “pregue uma peça”, não há motivos para desânimo; e uma vez que a máquina “perfeita”, que é o corpo humano, como toda invenção complexa, precisa de atividades salutares, cuidados essenciais e manutenção adequada e constante, não nos é permitido relaxar. Portanto, é preciso muito cuidado com essa máquina maravilhosa que Deus criou e nos confiou, e como tudo que Deus nos confia, devemos buscar a excelência na tarefa de cuidar bem de nossos corpos, e sem excessos nem exageros. Há necessidade ainda de muita cautela com as reais motivações pelas quais cuidamos bem dessa máquina de carne e ossos “y otras cositas más”. Afinal, existe um motivo mais nobre para essa responsabilidade. “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”.


13 – Por vezes, algumas tarefas que assumimos parecem impossíveis de serem concretizadas. Porém, de modo surpreendente, quando aproveitamos o incrível poder do nosso subconsciente, notamos que podemos executar com exatidão qualquer desafio a nós impostos. Portanto, não importam quais obstáculos tenhamos que enfrentar e superar, com o poder de nossa mente e com um pouco de força de vontade, tudo podemos fazer. Muitas pessoas creem e compartilham desse pensamento, dessa fé no “eu”; outras pessoas não ignoram, e até testemunham. Todavia, é preferível dizer: “posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”. É melhor depender do poder do Espírito Santo, que é Todo-poderoso e infalível, do que ter a petulância de confiar numa mente com poderes limitados e falhos. Confiar numa força que não consegue usar nem dez por cento de sua capacidade é pedir para ser destruído. Lógico que temos que usar o que Deus nos deu de melhor, que é a nossa capacidade de refletir. O que não devemos é pensar que podemos alguma coisa por nós mesmos. “E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus”.


14 – Para repararmos os danos causados aos outros, e a nós mesmos, por permanecermos latentes durante anos, devemos nos reconectar ao mundo. Tratemos a todos, incluindo nós mesmos, com a gentileza e a bondade que dispensaríamos a um amnésico que precisa de paciente reafirmação de sua verdadeira identidade. Precisamos entender que nossa permanência neste mundo não é por acaso; não estamos aqui apenas para aplaudir ou reprovar os acontecimentos e ficarmos de “braços cruzados”, esperando que as coisas se resolvam por si mesmas. Sabemos que os cristãos não pertencem a este mundo, mas este, mesmo sem compreender, precisa dos cristãos, e estes, do mundo. É uma questão de troca, uma simbiose, onde há perdas, mas estas são irrelevantes em comparação aos ganhos. É provável que esta interpretação não soe bem aos ouvidos de muitos, mas é o que justifica a permanência daqueles que são alcançados e salvos por Cristo. É possível constatar a veracidade desta premissa na oração sacerdotal: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”.


15 – Devemos estar dispostos e bem humorados para curtirmos alegremente cada passo no caminho desta jornada rumo à perfeição. Nossa jornada é algo que nunca compreenderemos por completo, mesmo que Deus nos revele cada passo a ser seguido, jamais agiremos com extremada convicção. Parafraseando as meditações do rei Salomão, notamos que tudo se torna cansativo e repetitivo; contudo, há um único propósito. Os dias vêm e vão, e tornam a vir, e que aproveitamos deles e de todo o nosso trabalho que realizamos debaixo do sol? Foi assim com nossos pais, é assim conosco e será assim também com a geração seguinte. A terra ainda é a mesma, apesar do mal que a causamos. O sol continua no seu curso formando as noites e os dias, e o vento faz os seus circuitos sem se importar com o que há pela frente. Todos os rios vão para o mar e para ali tornam a ir. E, portanto, “todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há de novo debaixo do sol. (...) De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem”.


16 – Os detalhes mais simples dos nossos dias fazem a diferença em toda a nossa vida. Quase sempre passamos muito tempo fazendo coisas inúteis e sem sentido. O tempo é irreversível, é algo que não volta mais. Mas não é por esse motivo que devemos dormir mal e acordar preocupados com tudo que temos que fazer durante as próximas horas de labuta. Muitos, por excesso de preocupação, até esquecem-se da existência de Deus, e outros só costumam se lembrar do Senhor quando enfrentam problemas mais sérios. A melhor maneira de começarmos os nossos dias é conversando com o Pai celestial. Entregar ao Senhor os nossos rumos na história, antes de tudo é uma ideia abençoada e abençoadora. Não só os nossos problemas devem ser apresentados a Deus, mas as aflições do mundo inteiro; sem esquecermo-nos da gratidão. Aliás, esta deve ser o sentimento principal. Jamais deveríamos iniciar as nossas lutas diárias sem uma fiel comunicação com Deus, mesmo que por pouco tempo, pois a intimidade e a segurança vêm com a prática constante. Tal atitude contribuiria para novos dias mais felizes e vigorosos. “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.


17 – Certo “sábio” dizia que os nossos desejos pelo futuro, as nossas esperanças, os nossos sonhos sendo concretizados, e as nossas aspirações são o nosso verdadeiro tesouro. Tal homem ensinava que deveríamos proteger os nossos tesouros no santuário do nosso coração. Do ponto de vista bíblico, este conselho é parcialmente coerente, uma vez que onde estiver o nosso coração, lá estará também o nosso tesouro. Na verdade, não há como separarmos os nossos corações de nossos tesouros, nem estes daqueles. O Senhor Jesus foi mais incisivo ao nos ensinar que não devemos ajuntar tesouros em lugar algum deste mundo, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Entretanto, se o nosso tesouro for Cristo, o conselho do tal sábio é válido e totalmente condizente com as verdades que o Mestre dos mestres nos ensinou. Que possamos manter o nosso Salvador guardado não somente em nossos corações, mas em todo o nosso ser; guardado, mas não escondido, porque Ele deve irradiar e ser compartilhado. Que Cristo brilhe em cada cristão, e que estejamos nEle e Ele em nós. Portanto, “... ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam”.


18 – Cada um de nós foi criado para dar expressão de louvor a Deus através de nossos dons pessoais, isto é, através de nossas próprias vidas. Compartilhar os nossos dons com o mundo é a nossa obra de excelência, não importando qual seja o nosso trabalho, sem importar quão humilde ou cobiçado ele seja, porque o Senhor sabe valorizá-lo e sabe também recompensar os Seus servos com o que Ele julga necessário e no momento oportuno. Todos nós deveríamos entender que não nascemos por acaso, que não nascemos isolados, que nascemos para servir. Somos interdependentes. E aquele que mais depende não é tão feliz quanto ao que mais se doa, isto é, servir traz maior satisfação; não pelo fato de que quem serve está em melhores condições do que o que é servido, mas devido à natureza e espírito humanos. Nascemos para servir, e, portanto, devemos servir de coração. Diz um chavão popular que “aquele que não vive para servir, não serve para viver”. O Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos deixou esse ensinamento, não só com palavras, mas com exemplos verdadeiros. O próprio Deus veio a este mundo para dar a Sua vida em resgate de muitos, doou-se em favor daqueles que o aceitam. “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.


19 – Participar de uma expedição de caça, no interior da mata virgem, é despojar-se do conforto da civilização para se aventurar no mundo selvagem. Aquele que nunca participou de um evento assim não sabe explicar a excitação que sentem os que já participaram. A experiência espiritual não é diferente. Se não adentrarmos ao mundo espiritual, jamais o compreenderemos, nem sentiremos o poder de Deus agindo em nossas vidas. Para ir a esse mundo não precisamos deixar a civilização, mas temos que nos despojarmos da arrogância e da autossuficiência. Ao invés de nos armarmos para uma caçada, revistamo-nos do poder de Deus e preparemo-nos para uma aventura rumo à eternidade. Não confundamos, porém, acessar o mundo espiritual com apresentar-se a Cristo; o nosso Salvador nos aceita no estado em que nos encontramos, as mudanças devem vir depois, consoante o contato rotineiro com Cristo, quando notaremos a necessidade de imitá-Lo ou não. Talvez julguemos conveniente ou necessário que nos despojemos “... do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”.


20 – Nem sempre o que desejamos é o melhor para nossas vidas, nem necessariamente faz parte das dádivas previstas pela onisciência divina. Entretanto, tudo que desejarmos, não importa o que possa ser, seja paz de espírito, contentamento, alegria, graça, abundância material, o emprego dos sonhos etc. Se tudo que desejarmos estiver de acordo com a vontade de Deus, com certeza virá ao seu tempo, quando menos esperarmos e quando estivermos preparados para receber, e com um coração aberto e agradecido. Só temos que continuar buscando. Todavia, se desejarmos o perdão dos nossos pecados e, consequentemente, a salvação de nossas almas, então, não há dúvidas que estes podem vir agora mesmo, a qualquer momento, basta que nos arrependamos e os confessemos pessoalmente a Jesus Cristo, o Salvador. Não há necessidade de nenhuma penitência, não precisamos subir morros ou escadas de joelhos, nem carregar cruzes pesadas; nada disso agrada a Deus. O Pai celestial não se agrada de sacrifícios de tolos. Por que pagaríamos por algo que Jesus já pagou? Pouca coisa é necessária: “... Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”.



21 – A intervenção libertadora de Jesus na vida de pessoas possessas, ato de misericórdia que apenas Ele pode fazer, traz benefí­cios tão evidentes para a pessoa socorrida que ela é capaz de contemplar a cruz de Cristo e testemunhar esse livramento como ninguém. O que se deduz que as pessoas mais beneficiadas com a graça divina são as que mais são gratas; pelo menos deveria ser assim, mas não é o que ocorre com frequência, uma vez que a maioria dos seres humanos é ingrata. Além disso, quem nunca passou por uma situação tão desesperadora, como a possessão diabólica, não deve compreender; mas deveria dar graças a Deus por isso. Todavia, seria bom que entendêssemos que quem tem a mente perturbada, por não compreender os enigmas da fé, não está muito longe de tê-la possuída pelo maligno. Infelizmente, há muitas pessoas que, como o discípulo Tomé, precisam ver para crer. Acreditar no que se pode ver não é fé, mas materialismo. Na verdade, o ser humano é crente por natureza; Deus o fez assim. No início, o homem não precisava crer, por que via, e voltará a ser assim. “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”.



22 – Encontrar uma música que faça parte de nossa personalidade pode ser uma forma de nos capacitar para recebermos nosso incorruptível galardão, enquanto aprendemos a estimular nossa criatividade e vontade de vencer. Lenta, esperançosa e gradualmente construímos nossa seleção pessoal, a qual nos ajuda a evocar e aperfeiçoar os nossos dons. Essa construção pode funcionar com a música, com as amizades, com as companhias, ou com quaisquer atividades de quaisquer áreas de nossa vida, seja de ordem material, emocional ou espiritual. Todas as circunstâncias da vida não passam de um grande treinamento rumo à perfeição, e é comum que o vencedor seja aquele que se prepara melhor. Entretanto, no caso dos cristãos, eleitos, salvos e transformados pela graça de Deus, não há um só vencedor, mas todos são vencedores. O apóstolo Paulo é perspicaz em suas palavras quando diz: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar”.



23 – De uma forma ou de outra os nossos ramos terão que ser moldados e reforçados, independentemente do nosso estilo de vida. Quando o momento certo chega, não adianta resistirmos, é melhor fazer a poda com uma tesoura bem amolada. Peçamos gentilmente. Falemos bem baixinho Àquele que pode moldar e reforçar os nossos ramos, pois Ele pode escutar até mesmo os nossos pensamentos mais íntimos. Não sejamos tolos ao ponto de insistir em tentarmos sozinhos. Podar a própria vida não é como coçar as próprias costas, é mais difícil ainda, uma vez que as lâminas da tesoura são afiadas. Sem ajuda poderemos nos causar graves ferimentos, sem contar que não saberemos onde aparar, ou eliminaremos apenas os galhos que podemos alcançar e os que julgarmos convenientes. Entreguemos essa poda ao Criador de todas as coisas, só Ele sabe onde deve mexer, a fim de melhorar o nosso desempenho como boas árvores que devemos ser; só Ele fornece os nutrientes necessários para crescermos saudáveis e fortes; só Ele pode nos fazer dar bons frutos. Sejamos dependentes do Senhor, ou então, continuaremos infrutíferos. “Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.



24 – Se quisermos ter uma vida melhor, então devemos começar a tratar melhor a pessoa que mais amamos: nós mesmos. Experimentemos fazer uma lista de coisas que nos fariam felizes, algo que só nós poderíamos fazer por nós mesmos. Depois, passemos a selecionar uma delas por vez, colocando-as em prática. Perceberemos que o mundo vai girar a nosso favor. Sentiremos como aqueles dias em que o nosso time do coração entra em campo, que até mesmo quando os jogadores não conseguem fazer o que foi instruído pelo técnico tudo dá certo, e no final, o time ainda acaba por deixar o gramado com uma grande vitória. Não temos nada a perder com essa experiência, mas teremos tudo a ganhar. Na verdade, esta é uma excelente forma de aprendermos a tratar com dignidade e amor as outras pessoas, treinando em nós mesmos. Não foi sem motivos que o Mestre dos mestres, o Salvador Jesus Cristo, nos ensinou: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”. Além disso, convém saber semear o bem, “porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”.



25 – “... O querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”. Infelizmente, grande parte de nossas vidas está sendo desperdiçada devido à nossa insistência neurótica na perfeição. Tememos e evitamos os erros, mas continuamos incorrendo neles. Fugimos da vergonha, mas quase sempre nos sentimos envergonhados. Queremos ser gentis, amáveis e moderados, mas nos desviamos dessas pretensões com tremenda facilidade. Amamos a Deus e desejamos cumprir Seus desígnios, mas diariamente pedimos perdão por algo inconveniente que cometemos e nos arrependemos, e Cristo novamente nos purifica com Seu precioso sangue. Às vezes, pensamos em desistir da perfeição, mas persistimos nessa tentativa porque sabemos que ela é uma promessa do Pai para Seus filhos. Na verdade, essa insistência não é vã, haja vista que pela graça de Deus, em Cristo, já somos perfeitos. O Pai não olha Seus filhos diretamente, Ele nos vê através do Filho. Como poderia notar imperfeições olhando para alguém por intermédio de Cristo, que é perfeito? “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.



26 – Os rituais de etiquetas gritam pela união dos copos, dos talheres, dos pratos especiais em que há o partir do pão, da chama da vela acesa, dos membros da família unidos num só pensamento. O ritual protege e abençoa a todos que veem à mesa, pois estão dentro de um espaço sagrado onde há amor. O lar deve ser um ambiente consagrado a Deus. É muito importante a comunhão entre todos os membros da família. Pensar diferente é permitido, mas o diálogo pautado na Palavra de Deus faz com que todos convirjam a um único propósito; e dessa forma, pouco a pouco as coisas se ajustam. A atenção e o apoio de um para com outro não podem ser omitidos. Da mesma forma, deve haver também precaução na observância daquilo que é inserido nos cômodos do lar, pois o que escondemos dos outros não está longe dos olhos de Deus, e não seria nada agradável pormos tudo a perder; “porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos”. Portanto, não seria justo comprometermos a vida dos outros integrantes da família por conta de nossos descuidos e comportamentos duvidosos. “Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão”.



27 – O alimento seria tão somente para cumprir a função de nos alimentar. Mas Deus é tão bom que até nisso somos capazes de sentir prazer, só não podemos esquecer que todo excesso é prejudicial. Assim sendo, o pecado de glutonaria faz sentido, é mais uma forma de Deus nos proteger, dizendo “comam apenas o suficiente para se alimentar”. Em tudo na vida o segredo está no equilíbrio, na moderação, no domínio próprio. Se não dominarmos as nossas próprias ações, outra coisa ou alguém cumprirá esse papel por nós. Quando temos tempo extra para preparar uma mesa atrativa, estamos, na verdade, realizando uma invocação ao prazer de saborear esse momento. Escolhendo saborear um delicioso jantar, ao invés de tão somente nos alimentarmos, é um pequeno passo, mas significativo em direção à autopreservação, gozando de um dos melhores prazeres da vida. Mesmo nesse momento é indispensável o desfrute de um importante dom: sabedoria. Portanto, tenhamos prazer maior na sabedoria, não sejamos tolos ao ponto de comer com os olhos e com o coração, lembremo-nos: o alimento é, principalmente, para nossa sustância. Infelizmente, “o tolo não tem prazer na sabedoria, mas só em que se manifeste aquilo que agrada o seu coração”.



28 – A maioria de nós não se imagina como um artista. Porém, todos nós somos; anônimos, é verdade, mas somos todos artistas, querendo ou não. Um artista é tão somente alguém com boas qualidades para ouvir e se expressar; é alguém que acessa a energia criativa do universo para trazer algo ao plano material, algo que não estava lá antes. Um artista é alguém que tem a capacidade de transmitir a experiência criadora ao plano material. Entretanto, é de fundamental importância reconhecer que o que há de melhor neste inexplorado universo (ou multiverso, se preferir) está além do plano material, daquilo que podemos observar sensorialmente. A mente humana tem, por exemplo, a capacidade de acessar a felicidade e/ou o desespero em questão de segundos. Por isso, Deus, através de Sua Palavra, as Sagradas Escrituras, nos transmite conforto, e mostra-nos a realidade muito além deste plano, desta vida, deste momento histórico. Viver sem ler as Escrituras é tentar representar personagens sem conhecimento do conteúdo do roteiro, é desobedecer ao Diretor, é representar mal seu papel, é ser um artista de futuro incerto e inseguro. “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”.



29 – Discernir nossos dons pessoais é essencial, se quisermos experimentar harmonia em nossas vidas. Assim como toda boa música precisa de harmonia, nós também precisamos dela para viver. E para viver bem, sem traumas, sem dor de consciência, sem preconceitos, amando e sendo amados, nós precisamos de Alguém que nos conheça profundamente, precisamos de Alguém a quem possamos confiar nossas vidas, sem restrições. Só há uma Pessoa que preenche esses requisitos: o Pai celestial. Sem o amoroso Deus não encontraríamos harmonia em nada, e desta forma, a vida não teria sentido, pois tudo estaria em desacordo. Se vivêssemos distantes do Senhor, nossas vidas não passariam de ilusões, pois sem Deus tudo o mais é ilusão. Pela misericórdia e iniciativa do próprio Deus, hoje, em Jesus, o Filho, o homem tem acesso direto ao Pai, e todos quantos se achegam a Deus, Ele os aceita, sem qualquer distinção, pois o Salvador do mundo veio para salvar os perdidos, e como Ele mesmo disse, são os doentes que precisam de médico e não os sãos. Quem, pois, é suficientemente são para não precisar de Jesus? É certo que precisamos, mas “pela altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas as suas cogitações são que não há Deus”.



30 – Quando nos encontramos agitados, preocupados e sem qualquer confiança em Deus, dificilmente ouvimos a voz suave do Espírito Santo, o Consolador. A certeza de ouvirmos os acordes suaves da harmonia do universo para com o Criador está na observância silenciosa do meio em que nos encontramos. Silenciosa observância não quer dizer fideísmo, porque a fé em Jesus não deve ser cega, sem questionamentos, mas deve ser fundamentada em respostas concretas, e o próprio Cristo ressurreto é o nosso maior fundamento. Ele disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. O silêncio de Deus, enquanto nos ouve e trabalha é tamanho, que, quase sempre, pensamos que Ele nem ao menos nos ouve. Todavia, em silêncio, Ele sonda os nossos corações, e trabalha no sentido de evitar que nós, seres humanos, desobedientes, caídos e perversos, não destruamos o mundo de uma vez por todas com nossas soberbas, vaidades, ganâncias e demais sentimentos e ações egoístas. O Senhor ainda trabalha para satisfazer os poucos desejos puros que ainda existem em nossos corações, pois Ele conhece e satisfaz todas as nossas necessidades. “Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces”.

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